sexta-feira, 19 de outubro de 2012

                                                O Topo do Ranking

   Matricular um filho na cidade de São Paulo não é tarefa fácil. São muitas opções e a infeliz constatação de que quase todas caem numa vala comum.
   Eis uma frase que muito me enche de desconfiança:  "As Melhores Escolas de São Paulo".
   Desconfio primeiramente porque esse título "melhor", por si só, já vem recheado de subjetividade: melhor pra quem? 
   E em segundo lugar, porque essa auto denominação se faz através de matérias pagas, o que na minha opinião carece de legitimidade.
   Não fosse só isso, me intriga também o fato de serem essas escolas as mais bem classificadas no Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. Ou seja: "oficialmente" são as melhores.
   E aí reside a grande covardia. Elas são as melhores porque efetivamente oferecem um ensino individualizado e de qualidade ou elas são as melhores porque pré-selecionam os melhores alunos numa espécie de "cota" às avessas?             
   Oras! Por que as escolas Paulistanas não contam a verdade sobre suas privilegiadas posições no ENEM? Qualquer pai ou mãe que escolha colocar os filhos numa dessas escolas que lideram a tal lista, sabe que terá que submetê-los a uma espécie de vestibular e somente ingressarão os que forem capazes de manter a instituição no topo do ranking. 
   E digo mais, aqueles pobres alunos que driblam essa seleção e ingressam na condição de "fracos" aos poucos serão naturalmente excluídos pelo próprio sistema.
   Está muito claro que nenhuma escola Paulistana quer o incômodo de um aluno mediano, imaturo ou fora da curva padrão. Esses alunos dão trabalho, eles exigem individualização, exigem tempo... e tempo é dinheiro!
   Resultado: crianças estão sendo pressionadas por resultados e metas, quando na verdade deveriam apenas estar sendo preparadas para vida adulta! 
   E aqui eu arrisco um palpite.
   Essa maratona pré-vestibular que se anuncia desde 6 anos de idade NÃO é passaporte para estar no topo do mercado de trabalho. 
   Estar além da curva não significa ter equilibrio para suportar as intempéries que a vida nos reserva.
  Numa visão um pouco romântica diria que estará apto ao selvagem mundo dos negócios aquele que crescer tranquilo, com valores familiares sólidos, com autonomia, auto estima e sem dúvida nenhuma, aquele que tiver o privilégio de cursar uma boa e forte base educacional. 
   O problema é que em São Paulo boa e forte virou sinônimo de injusta e massacrante.
   Eu não tenho força para gritar. Nem alcance suficiente. Mas como mãe diria aos Senhores Educadores que será preciso muito mais do que média 9 ou 10 para manter essas crianças no topo do ranking da vida. Muito mais.